Uma notinha perdida no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo deste sábado informava o fechamento do último cinema do Centro Paulistano a resistir aos filmes pornôs - o Marabá, na Avenida Ipiranga.
Imediatamente fiz uma viagem no tempo e revivi, por alguns minutos, minhas primerias experiências na telona. A cidade era substancialmente diferente da que temos hoje. Havia poucos shopping centers, o lazer ainda tinha no espaço urbano seu lugar de excelência, e os cinemas do Centro eram destino certo nos sábados e domingos. O Majestick, o Cine Arouche, o Marrocos, o Metro, o Bijou, o Copam, tinha um na Av. São João que não me lembro o nome agora, mas que tinha 3 telas passando o mesmo filme, ao mesmo tempo - assisti um dos Superman´s lá... Todos esses cinemas e tantos outros, inclusive os que ficavam nos bairros tiveram o mesmo destino: transformar-se em cinema pornô, ou em templo evangélico.
Esse é apenas um dos fatores que somados desocuparam as cidades. Antes, a ruas eram ocupadas pelas pessoas e famílias que circulavam observando as vitrines, iam às lanchonetes. Hoje, nossas ruas estão abandonadas ao tráfego dos automóveis e dos passantes - porque foi nisso que nos tornamos.
Mas a notinha, que anunciava o fechamento do Marabá, trazia uma perspectiva: que o fechamento seria temporário para reformas que transformarão o Marabá num pólo com 5 salas de cinema.
São Paulo só tem a ganhar se o poder público, empresários e investidores enxergarem no centro o potencial para a retomada do espaço urbano de vivência, de circulação de pessoas e bens culturais.
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