Sabendo que parte considerável dos
seus leitores são, na verdade, leitores de manchete – ou seja,
folheiam o jornal lendo os títulos das notícias – os editores as
constroem cirurgicamente para garantir que a informação que o
leitor receberá esteja em consonância com a opinião que o jornal
quer que prevaleça sobre cada assunto.
Uma destas manchetes é a da notícia,
publicada hoje no caderno Mercado, sobre a regulamentação da lei
12.485 – a que trata dos serviços de TV por assinatura. O foco da
notícia é a regulamentação de um dispositivo desta lei que prevê
o tempo máximo para veiculação de publicidade nos canais de TV por
assinatura.
A manchete da notícia é: Ancine quer
limitar anúncio na TV paga. O leitor que ficar por ai, vai deduzir
que a Agência Nacional de Cinema, por iniciativa própria, quer
limitar a publicidade na TV paga.
Na linha fina que descreve um pouco
mais a manchete, o leitor vai ficar confuso, porque aparentemente não
há vinculo direto entre uma informação e outra: Legislação
aprovada em agosto de 2011 pelo Congresso iguala a publicidade na TV
paga à da TV aberta.
Ora, se houve uma lei aprovada pelo
congresso que iguala a publicidade na TV paga e aberta o que a Ancine
tem então haver com isso?
O leitor que se
interessar em ler a notícia até o fim, só vai descobrir quando
chegar no terceiro parágrafo da notícia. “A nova lei, aprovada
pelo Congresso em agosto do ano passado, está sendo regulamentada
pela Ancine e equipara o tempo de propaganda na TV fechada ao da TV
aberta, destinando 25% da programação à publicidade”.
Ou seja, existe uma lei que já limitou
o tempo do “anúncio” na TV por assinatura e esta lei delegou à
Ancine a responsabilidade de criar parâmetros para poder garantir
que tal vontade do legislador seja cumprida.
Um jornalismo mais comprometido com a
informação do que com o desvio dela, daria outra manchete para a
mesma notícia: Ancine define regras para anúncio na TV paga. Na
linha fina abaixo da manchete explicaria: Medida visa regulamentar
lei aprovada em 2011 que iguala a publicidade na TV paga à da TV
aberta.
Mas como a Folha tem se especializado
no “opinismo” – opinião com cara de jornalismo – a proposta
acima para o tratamento desta informação não é válida.
Infelizmente, o “opinismo” da Folha
não se resume a esta situação. Se fôssemos fazer uma análise do
discurso deste jornal diariamente iríamos constatar que o diário
dos Fria já perdeu todo e qualquer compromisso com o jornalismo,
infelizmente.
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