7.3.12

Folha distorce manchete contra Ancine

Impressionante a capacidade da Folha de S.Paulo em editorializar os títulos das notícias em função dos seus interesses.

Sabendo que parte considerável dos seus leitores são, na verdade, leitores de manchete – ou seja, folheiam o jornal lendo os títulos das notícias – os editores as constroem cirurgicamente para garantir que a informação que o leitor receberá esteja em consonância com a opinião que o jornal quer que prevaleça sobre cada assunto.

É desta forma que os jornais vão conduzindo, na verdade manipulando mesmo, a opinião pública.

Uma destas manchetes é a da notícia, publicada hoje no caderno Mercado, sobre a regulamentação da lei 12.485 – a que trata dos serviços de TV por assinatura. O foco da notícia é a regulamentação de um dispositivo desta lei que prevê o tempo máximo para veiculação de publicidade nos canais de TV por assinatura.

A manchete da notícia é: Ancine quer limitar anúncio na TV paga. O leitor que ficar por ai, vai deduzir que a Agência Nacional de Cinema, por iniciativa própria, quer limitar a publicidade na TV paga.

Na linha fina que descreve um pouco mais a manchete, o leitor vai ficar confuso, porque aparentemente não há vinculo direto entre uma informação e outra: Legislação aprovada em agosto de 2011 pelo Congresso iguala a publicidade na TV paga à da TV aberta.

Ora, se houve uma lei aprovada pelo congresso que iguala a publicidade na TV paga e aberta o que a Ancine tem então haver com isso?

O leitor que se interessar em ler a notícia até o fim, só vai descobrir quando chegar no terceiro parágrafo da notícia. “A nova lei, aprovada pelo Congresso em agosto do ano passado, está sendo regulamentada pela Ancine e equipara o tempo de propaganda na TV fechada ao da TV aberta, destinando 25% da programação à publicidade”.

Ou seja, existe uma lei que já limitou o tempo do “anúncio” na TV por assinatura e esta lei delegou à Ancine a responsabilidade de criar parâmetros para poder garantir que tal vontade do legislador seja cumprida.

Um jornalismo mais comprometido com a informação do que com o desvio dela, daria outra manchete para a mesma notícia: Ancine define regras para anúncio na TV paga. Na linha fina abaixo da manchete explicaria: Medida visa regulamentar lei aprovada em 2011 que iguala a publicidade na TV paga à da TV aberta.

Mas como a Folha tem se especializado no “opinismo” – opinião com cara de jornalismo – a proposta acima para o tratamento desta informação não é válida.

Infelizmente, o “opinismo” da Folha não se resume a esta situação. Se fôssemos fazer uma análise do discurso deste jornal diariamente iríamos constatar que o diário dos Fria já perdeu todo e qualquer compromisso com o jornalismo, infelizmente.

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