2.7.06

Faltou o tempero da vontade, a sede da vitória

O céu nublou para as nossas estrelas. A constelação canarinho se apagou diante de 180 milhões de corações brasileiros, como bem lembrava a frase cunhada no ônibos da seleção. Como de praxe, nessa tempestade estão chovendo críticas. Procuram-se os culpados. Ídolos tornam-se vilões e, nós, os carrascos que os condenamos.

Preferi não assistir aos comentários pós derrota. No jornal, limitei-me à manchete. Sim, o time jogou mal, sem dúvida. Estava perdido diante do adversário, que ocupou os espaços como se fosse um gigante. A bola parecia uma desconhecida.

Mas, para mim, o que mais marcou essa derrota foi o Parreira. Independentemente de concordar ou discordar de seu esquema tático, debate que pode durar horas sem fio, o fato é que ele estava sempre ali, no banco, apático, indiferente, alheio, inexpressivo. Parecia não se importar com nada do que estava acontecendo, fosse vitória, fosse derrota.

Tão diferente do Felipão que me levou as lágrimas com a seleção portuguesa. Com garra, vontade, sede de ganhar. Gesticulando, vivendo cada momento do jogo de forma intensa.
Sangue correndo nas veias, pulsando quente, tão brasileiro. Para mim, o Felipão é a alma do torcedor brasileiro na Copa, vibrando pelo seu time.

O confronto com a França não vai ser fácil. O time está motivado depois da vitória para a pretensa favorita seleção brasileira. Estão confiantes. Mas o Felipão também. Derrotar a Inglaterra de ídolos mundiais foi um grande acontecimento.

Para ganhar uma competição como a Copa do Mundo, além de técnica, habilidade, preparo físico, é preciso o tempero da vontade, do desafio. Nossos jogadores e o Parreira parecem não almejar mais nada, talvez já tenham alcançado tudo.

A palavra agora é renovação. Os 180 milhões de corações brasileiros já começam ensair a discussão para a próxima Copa do Mundo. Até lá, me somarei à torcida portuguesa. Dá-lhe Felipão!

4 comentários:

  1. Rê,
    Sobre o Brasil, se quiser, dê uma olhadinha no Post que coloquei no meu Blog. Ainda estou de ressaca.
    Prefiro comentar sobre a seleção de Portugal, e digo: Felipão é o cara! Durante o jogo, tentei inúmeras vezes torcer pela Inglaterra. Não por achar que merecessem, mas porque acreditava que seria justamente um adversário mais fácil num possível jogo com o Brasil na semi. Mas quem disse que consegui? O time do Felipão é cativante, pulsante, e-m-o-c-i-o-n-a-n-t-e, vibrante!!! Quando vi já estava aos pulos, gritando: vai que é suuuuuuuuua Ricardo!!!!
    Beijos!!
    Dani

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  2. Oi Rê!

    Repito, com palavras um pouco diferentes, parte do que escrevi no blog da Dani.

    Antes da Copa, eu imaginava que a idolatria pelo Felipão era coisa de palmeirenses e gremistas. Fico feliz por saber que não é bem assim; aos poucos, todos percebem como é bom torcer por um time com a cara do Felipão.

    Sim, porque ele pode até perder, mas vai cair de pé. Com honra. Lutando. É o espírito que ele nos ensinou e que nós procuramos seguir.

    Faltou isso tudo - e mais um pouco - ao Brasil. Mas não adianta procurar agora os culpados. Muito menos execrar quem já fez algo de bom pela seleção.

    É hora de lamentar. E muito.
    E de torcer por Felipão.
    No meu caso, também pela Itália...

    Beijos

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  3. Pois é Rô, o pior da derrota, para mim, nem foi a derrota em si, mas a fraqueza, a falta de vontade, como disse. Desde que o Parreira assumiu a seleção, tenho dito que não gosto do seu estilo e não concordo com sua opção tática. Sempre sonhei em ver o Felipão treinando o São Paulo. Para mim, ele é um dos melhores técnicos do mundo.
    Quanto a Itália, vou torcer por eles nessa etapa. Mas na final, se o confronto for Itália e Portugal, nem precisa dizer né.

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  4. Renatinha, fico impressionado com a incapacidade geral das pessoas não entenderem e não respeitarem algo absolutamente básico: pessoas diferentes reagem de maneiras diferentes. O fato do temperamento do Parreira ser tão diferente do passional e dramático Felipão, tão ao gosto nosso (gosto herdado dos nossos pais lusitanos, sem dúvida), não implica em que ele seja indiferente à derrota ou à vitória. Escolasticamente, non sequitur.

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