Esse recomeço é sentido na primeira segunda-feira pós folia, quando voltamos a enfrentar o que, um amigo baiano, há alguns anos, chamou de 'manifestação folclórica de paulista': o trânsito.
E, em semana de recordes de calor, os mortais que suam a camisa logo cedo na caminhada de casa até o trabalho, que enfrentam os ônibus lotadíssimos, os vagões de metrô atravancados ou até aqueles que têm o seu carrinho, mas nada do conforto do ar condicionado, voltam ao abandono do poder público que se recusa a enfrentar de forma determinada a questão do trasnporte na maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo.
A malha metroviária da cidade possui apenas 61,3 km, o que explica o porquê o metrô paulistano é o mais lotado do mundo, essa pequena rede de trens transporta diariamente 2 milhões de pessoas. O transporte coletivo rodoviário sofre da ausência de uma política de estado para o setor. Entra prefeito, sai prefeito e a política municipal para os ônibus se altera. Houve um avanço reconhecido na gestão de Marta Suplicy, que para ter impactos mais substantivos precisaria ter sido mantida pelas outras administrações, o que não aconteceu.
O rodízio municipal não é mais solução para aliviar o trânsito de uma frota de automóveis gigantesca que entope as veias da cidade. Levanta-se a questão do pedágio urbano, tema pra lá de polêmico e muito impopular, já que interfere diretamente no bolso do cidadão.
Os incentivos a formas sustentáveis de locomoção, como recentemente temos visto a ampliação do debate e iniciativas no campo do uso da bicicleta, são residuais e sem o planejamento adequado pode trazer mais transtorno, ampliando o número de acidentes e colocando a vida dos ciclistas em risco.
A mídia, ao invéz de incentivar a expansão da rede de transporte público, na sanha por manchetes sensacionalistas, apresentam a notícia da construção do metrô a partir da desapropriação de casas e comércios, como nesta semana abordaram Folha e Estadão. Os moradores das regiões que serão BENEFICIADAS pela oferta do transporte público se mobilizam CONTRA a construção das estações. Parece até lourura!
É o império do individual sobre o coletivo. Taí, no fundo a discussão sobre transporte é essa. Abrir mão da conjugação dos verbos sempre na primeira pessoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário