Qual o critério para a seleção da notícia? Este é um tema obrigatório nas disciplinas de qualquer faculdade de jornalismo. Um dos primeiros assuntos a serem discutidos com os jovens aspirantes à repórteres.
Assunto que rendeu e ainda rende muito debate acadêmico, os critérios para a seleção da notícia fazem parte dos estudos de Gatekeeper e Newsmaking, que discutem a noticiabilidade, os valores-notícias. Procura investigar como um acontecimento transforma-se em notícia desvendendo toda a cadeia de seleção, que vai desde a escolha do fato até a sua publicação. Teóricos como Pierre Bourdier, Nelson Traquina e Stuart Hall entre muitos outros dedicaram-se a este estudo.
Bom, há várias palavras-chave que podem servir de orientação como proximidade do acontecimento (temporal, geográfica, cultural), sua amplitude, relevância, algo inesperado ou inusitado, afinidade (etária, gênero, profissão), dimensão, personalidade, notoriedade, entre muitos outros que poderia aqui citar.
Em qual deles se encaixa a notícia veiculada esta manhã, pela rádio Eldorado, sobre o corte do cabelo do presidente dos Estados Unidos Barack Obama? A notícia dizia algo como, depois de completar 47 dias no cargo de presidente, Barack Obama cortou pela primeira vez os cabelos. O cabelo curto evidenciou os fios brancos do presidente. Será que ele vai pintar, será que não? e por ai vai.
Tanta coisa relevante acontecendo pelo mundo, no Brasil, em São Paulo, mas os cabelos do presidente ganharam quase 1 minuto do noticiário matinal de uma das rádios mais ouvidas de São Paulo. Por quê?
Ah! é claro, porque Obama é o presidente dos Estados Unidos. Mesmo assim, a resposta não convence de todo, e a pergunta continua martelando... mas o que há de relevante nos cabelos dele? Qual interesse nós, brasileiros, poderemos ter sobre o assunto? Repasso os conceitos para a seleção e construção da notícia e eles não aplacam a questão.
Talvez esteja procurando a resposta no lugar errado. Na verdade, o corte do cabelo do Obama não é notícia, nem aqui, e talvez nem mesmo nos Estados Unidos. É uma distorção da notícia, é fofoca, gossip, não há nada de informativo ou relevante nesse assunto. Bom, lá talvez interesse aos americanos. Aqui, é fruto de uma mentalidade colonizada que foi construída pela própria mídia que vê os Estados Unidos como o paraíso na Terra. Tudo que vem de lá é bom, tudo deles é melhor.... até a crise.
Oi, Renatinha!
ResponderExcluirGraças ao comentário em meu blog, descobri o teu.
Beijos