Não sei se apenas eu estou surpresa diante das posições assumidas pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama. Eleito com uma plataforma de mudanças e com uma campanha que agitou a política norte-americana, Obama está dando sinais de ter coragem de mexer em feridas e alterar questões que até então pareciam imutáveis.
Teria vários exemplos para dar: o corajoso discurso feito na Universidade de Notre Dame, tradicional reduto católico, quando não abriu mão de manifestar sua posição favorável ao direito das mulheres decidirem sobre o seu futuro – numa menção direta à defesa da legalização do aborto.
A reforma no sistema de Saúde também é outra ousadia do presidente norte-americano. Os Estados Unidos nunca possuíram seguridade social. A saúde lá é privada. Os problemas decorrentes dessa situação são enormes. Neste mês, o pacote para a Saúde alterou substancialmente esse cenário.
Ai vem o discurso proferido em Cairo, no Egito, que está em contradição direta com tudo o que o seu país tem dito e praticado nas últimas décadas em termos de política internacional. Um discurso que, se desdobrado em iniciativas concretas, ilumina o futuro no sentido de haver maior respeito à soberania das nações.
Isso para não falar da decisão de fechar a prisão de Guantanamo e as posturas que acabaram desembocando no fim do veto à participação de Cuba na OEA.
No campo econômico também temos visto mudanças. Obama assume a presidência dos Estados Unidos no meio da maior crise econômica internacional desde 1929. Uma crise que se originou nos subprimes e na especulação imobiliária que ditou a economia norte-americana no último período.
As medidas adotadas para enfrentar a crise foram, como em todo o mundo, injetar recursos do Estado para salvar companhias a beira da falência. Mas Obama não se limitou a isso. Hoje, anunciou o que está se chamando a maior reforma do sistema financeiro dos Estados Unidos. Reforma que está baseada na ampliação de mecanismos de regulação e controle do Estado sob a economia. A poucos meses atrás, alguém que propusesse isso seria levado à fogueira e queimaria como um herege dos ideais capitalistas.
Entre as propostas de Obama está conferir mais poder ao Fed – Federal Reserve – o Banco Central dos EUA, com o intuito de dar mais disciplina e transparência ao mercado financeiro, segundo a Casa Branca.
Vistas isoladamente tais medidas podem ser heterodoxas, mas não despertariam maior atenção. Contudo, vistas em seu conjunto e posto que Obama está há poucos meses no exercício da presidência, elas merecem uma reflexão mais profunda. Os rótulos e análises anteriores não dão conta do novo contexto político que está emergindo com Obama.
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