5.6.09

Cine Marabá, um sobrevivente da era dos shoppings

No quarteirão da Av. Ipiranga com a São João, esquina eternizada pelos versos de Caetano Veloso, fica o Marabá. Inaugurado em 1944, o cinema viveu desde o glamour da elite paulistana que frequentava suas salas de exibição até decadência do abandono. Foi fechado em 2007.

Essa trajetória é, na verdade, retrato e reflexo da trajetória da cidade, que desde a década de 80 vive um processo acelerado de deteriorização do centro, de descaracterização da cidade como espaço público de convivência, papel que foi transferido aos shoppings.

A cidade foi se perdendo das pessoas e as pessoas se perdendo da cidade. Esse processo de apartamento tem, ainda que muito timidamente, sido enfrentado por setores públicos e privados. Resgatar a cidade e o centro como local de vivência humana é imperativo para combater a criminalidade e a exclusão.

A recuperação do Marabá, projeto conduzido corajosamente pela rede de cinemas PlayArte, faz parte dessa luta pelo resgate do centro. O projeto de restauro e modernização do que agora é um multiplex com 5 salas de cinema foi assinado pelos arquitetos Ruy Ohtake e Samuel Kruchin, com investimentos de R$ 8 milhões.


A reinaurugação foi 30 de maio e as primeiras sessões mostraram que o paulistano ainda reluta em frequentar o centro. Numa notícia de canto de página, no domingo, informava-se que apenas quatro ingressos tinham sido vendidos.

Mesmo com os cadernos especiais de final de semana dando destaque para a inauguração e trazendo um roteiro dos encantos do centro, com dicas do que fazer antes ou depois da sessão, os points gastronômicos, a classe média não se digna a sair do enclausuramento dos shoppings para ir ao centro.

Fica aqui o chamamento, o apelo, o convite: que tal um cineminha no Marabá?

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