Quem poderia imaginar que o governo dos Estados Unidos investiria 50 bilhões de dólares para salvar a gigante automobilística GM e, com isso, passar a ter o controle acionário da empresa.
Alguém que falasse isso há três, quatro anos, seria taxado de lunático. Na terra do Tio Sam – éden do capitalismo e bastião do livre mercado – tal cenário caberia, somente, em filmes de ficção produzidos por seguidores do realismo socialista, para fazer propaganda revolucionária do Estado e da decadência do imperialismo.
Mas, a realidade pode ser mais fantástica que qualquer ficção e mostrar que dogmas existem para serem quebrados, e que o fim da história está bem mais distante do que preconizou Francis Fukuyama.
A General Motors pediu concordata. Suas dívidas ultrapassam a cifra dos 170 bilhões de dólares, o dobro do que a indústria possui em ativos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, diz que o governo não irá interferir na gestão da empresa, a não ser em decisões fundamentais.
Como a GM chegou a esta situação? Essa é uma pergunta que precisa ser enfrentada de forma mais profunda. Nem os mais ingênuos acreditariam que a crise econômica mundial deflagrada em 2008 é responsável pela concordata da GM. Talvez tenha acelerado um processo de deteriorização da empresa que remonta à década de 60.
Qual o interesse do governo em salvar a GM? Também não creio que a benevolência do governo tenha sido impedir a demissão em massa dos trabalhadores da empresa, que somam 92 mil pessoas empregadas nos EUA. O volume de recursos injetado na automobilística é muito maior do que o Produto Interno Bruto de muitos países que têm a maioria de sua população vivendo sob a miséria. Países da África, da América Latina, da Ásia.
Talvez o que esteja se pretendendo salvar seja o símbolo da pujança capitalista, o ícone da sociedade de consumo, o american way of life. Enquanto isso, em Benin, no Suriname, na Guatemala, no Congo, na Etiópia e em tantos outros países, a vida vive à espera de os ricos deem migalhas para perpetuar a miséria.
Renatinha, perfeita sua reflexão, só que os "coveiros", que aquele barbudão falava, estão sempre em ação. O esforço é grande e caro, como você demonstrou, mas num tem salvação nem pro símbolo, nem pro simbolizado.
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