25.11.09

Quem não se comunica...

Bem que eles tentaram evitar a realização da etapa estadual da Conferência de Comunicação em São Paulo, mas não conseguiram. Eles, para deixar explícito, são os grandes barões da mídia nacional – encastelados em seus monopólios midiáticos – aliados ao governador tucano José Serra e seu sonho presidencial.

No estado que concentra o maior império da mídia nacional, o Poder Executivo não convocou a Confecom para não contrariar os interesses de seus aliados e garantir que a cobertura jornalística siga sendo feita a seu favor, ou seja, inflando sua candidatura presidencial. Assim, coube a Assembleia Legislativa – depois de grande pressão da sociedade – fazer a convocação e montar a conferência.

À revelia das inúmeras tentativas de inviabilizar a conferência, os movimentos sociais – organizados em São Paulo desde março deste ano – batalharam, insistiram e persistiram e não deixaram a peteca cair, garantindo que neste final de semana setores variados da sociedade pudessem debater as comunicações no país.

Exercício democrático para todo lado
No campo empresarial, a participação na Confecom foi uma construção política educativa e incansável. Em São Paulo, um setor da grande mídia esteve presente – empresários da área de telecomunicações, que é representada pela Telebrasil; uma parcela da radiodifusão representada pela ABRA – Associação Brasileira da Radiodifusores, que congrega a Band e a Rede TV; veículos de menor porte, jornais do interior, blogueiros, sites que compõem um universo heterogêneo e que em muitos aspectos possuem posições contrárias. Mesmo assim, houve amadurecimento para garantir a participação de todos e a postura do contraditório, mostrando que o diálogo pode levar, sim, a sínteses e avanços.

No campo da sociedade civil, este já mais acostumado a este tipo de ambiente político, apesar de divergências pontuais em torno de algumas bandeiras para a democratização da comunicação, a participação se pautou pela forte unidade na defesa das propostas. A compreensão de que esta é uma primeira discussão sobre o tema e que para alcançar conquistas é necessário focar prioridades e deixar as diferenças para depois construiu um ambiente de sintonia e coesão na luta para que a Confecom alcance ao menos algumas vitórias.

Delegação unitária
Prensada por um decisão restritiva da Comissão Organizadora Nacional, que deixou a delegação de São Paulo com uma subrepresentação de 84 delegados, a escolha das entidades que vão representar a etapa paulista na nacional foi um exercício importante de escuta e negociação. Não houve disputa entre chapas. Ao contrário, buscamos pacientemente formatar a bancada paulista, a partir de critérios transparentes como a diversidade de movimentos e entidades, pluralidade de ideias e segmentos, representação feminina, do interior, participação nas etapas regionais. E, o que para muitos era improvável, foi talvez uma das maiores conquistas e sinalizações de força dos movimentos sociais que estão unidos em torno de um mesmo propósito.

No campo do poder público, registro importante é o da ausência absoluta do governo paulista e do papel positivo do deputado estadual Edmir Chedid (DEM) que conduziu de forma democrática os trabalhos da Confecom.

Rumo à etapa nacional
Agora, o desafio é buscar que o diálogo seja o instrumento que marque a realização da etapa nacional. Esse exercício de debate em busca de extrair uma ação unitária que não anule as diferenças será mais complexo num cenário de maior heterogeneidade de atores. Mas, para que a Conferência alcance, dentro de suas limitações, alguns avanços esse caminho é indispensável.

Os movimentos sociais precisam se preparar com antecedência, para sintonizar suas bandeiras e organizar a sua intervenção na etapa nacional. O cada um por si só trará desgaste e privilegiará os segmentos que querem manter tudo como está.

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