25.11.09

Ahmadinejad, Bush e a mídia tupiniquim

Nesta terça-feira o jornal Folha de S.Paulo, folhetim tucano de oposição ao governo Lula, mostra mais uma vez em sua manchete como a escolha das palavras é determinante na construção de conteúdos editorializados.

O assunto da vez é a visita do presidente do Irã ao Brasil. Com a manchete “Lula defende programa nuclear do Irã”, o jornal não faltou com a verdade, mas induz o leitor a ideia de que o presidente brasileiro está a favor de uma corrida nuclear.

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Mais fiel ao conteúdo do discurso do presidente Lula e refletindo a posição do Brasil sobre o assunto foi a manchete do Estadão: “Irã tem direito a energia nuclear, defende Lula”.

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A visita do presidente do Irã ao Brasil e a pauta nuclear são questões para lá de polêmicas, reconheço. Justamente por isso, o tratamento dispensado pela imprensa ao assunto deveria ser mais cuidadoso.

Mas, pelo contrário, a grande mídia não poderia perder esta ótima oportunidade para fazer seu proselitismo oposicionista contra Lula. Em sua edição de ontem, a Folha abriu espaço estratégico para o presidenciável José Serra fazer seu contraponto à visita ‘indesejável’ de Mahmoud Ahmadinejad ao país.

É verdade que a eleição de Ahmadinejad ocorreu sob um clima de grande tensão e forte protestos da sociedade iraniana. Contudo, a recepção do presidente Ahmadinejad nada tem haver com apoiar o seu governo, a sua figura política ou coisa que o valha. O Brasil possui relações diplomáticas e comerciais com o Irã, assim como mantém com outros países do Oriente Médio.

A pauta nuclear foi satanizada pela mídia a partir de orientação política norte-americana, que sob o pretexto da política do desarmamento, busca impedir que outros países dominem a tecnologia nuclear. A nação brasileira é signatária do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. O Brasil e seu atual governo tem atuado, internacionalmente, como mediador de conflitos e contra iniciativas bélicas. Contudo, o direito das nações desenvolverem programas nucleares para fins pacíficos é inalienável. Assim como o Brasil defente este direito para si, o defende também para outros países. É uma questão de soberania.

A hipocrisia da mídia nacional no tratamento à vinda de Ahmadinejad ao Brasil fica patente se compararmos o tratamento dado, por exemplo, à visita do ex-presidente Bush, também recebido por Lula.

Na ocasição, os movimentos sociais fizeram ampla mobilização pelo Fora Bush, explicitando o descontentamento de ter, em sólo brasileiro, o senhor da guerra.

Já, a mídia tupiniquim não se incomodou tanto. Porque será?

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