Talvez a psicologia ou a sociologia, ou algum ponto de
intersecção entre ambas, possa explicar o aumento vertiginoso da intolerância e
do preconceito. Ou, numa segunda hipótese, o aumento das manifestações públicas
de intolerância e preconceito. Parece que as pessoas estão se sentindo mais à
vontade para expressar seu ódio social, racial, e todo o tipo de ódio que
houver.
E não venham me dizer que são deslizes manifestações como a
do presidente da Fifa ou as vocalizadas pelas socialites paulistas do vídeo.
Nem, tampouco, que são apenas caricatas as intempéries de personagens de ficção
como Tereza Cristina, vivida por Cristiane Torloni.
O certo é que a mobilidade social dos últimos anos está
incomodando verdadeiramente a elite nacional. Numa pesquisa de opinião,
perguntas que podem suscitar uma resposta politicamente correta pelo
constrangimento de expressar a opinião real geralmente são evitadas ou
relativizadas pelos analistas.
Mas parece que o pessoal está perdendo a vergonha de dizer o
que realmente pensa. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto Data
Popular, que entrevistou integrantes da classe média tradicional. Entre os
entrevistados, 16,5% consideram que pessoas malvestidas deveriam ser barradas
em alguns estabelecimentos; 26,4% acham que a existência de estações de metrô
aumenta a frequência de pessoas indesejáveis em determinadas regiões e, para
17,1%, todos os estabelecimentos deveriam ter elevadores separados. Isso é ou
não é apartheid social?
O ingresso de milhões de brasileiros na classe C está atiçando
a fúria da elite, que agora compartilha espaços que antes eram reservados para os
Very Important People – ou os VIP’s – com gente como a gente. A ideia de não ser
mais tão importante assim está chateando muita gente.
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