Região da Luz, centro de São Paulo. A
aglomeração de pessoas perdidas da própria vida, excluídas do
mundo, é como uma infestação de baratas a ser combatida. Os
olhares dos cidadãos paulistanos e do mundo sobre estes seres que
vagam drogados nas ruas e prédios abandonados é de repulsa, nojo.
Gente suja, fedendo, maus elementos, delinquentes, loucos. O que se
pensa de verdade sobre eles não se diz em voz alta, é politicamente
incorreto, se murmura nos ouvidos, se confidencia em conversas
sussuradas.
A cidade precisa se livrar deles. Como?
Com o Plano de Ação Integrada Centro Legal, nome pomposo dado pela
prefeitura de São Paulo e governo do Estado para dedetizar a
Cracolândia. O plano, elaborado para ser implementado em 3 etapas,
consiste em pela mão da força policial 1 – expulsar traficantes e
usuários, 2 – a ação dos policiais incentivará os usuários a
procurar tratamento, 3 – a permanância da polícia para manter a
ordem. Mas desde quando a Polícia Militar está preparada para
desenvolver uma ação social? Aí é que está, no tal Plano não há
visão social nenhuma, apenas uma visão higienista.
A PM usa violência para desocupar e
ponto final. Mas o que fazer com as pessoas, para onde levá-las?
Como resgatar essas vidas perdidas? No fundo poucos estão realmente
preocupados com o que vai acontecer com essas pessoas. Contando que
elas estejam bem longe dos nossos olhares. O combate ao tráfico e a
adoção de políticas públicas voltadas para recuperar os viciados
são problemas sociais profundos, que estão diretamente ligados a
outros, como a miséria, a falta de moradia, educação, saúde,
emprego e renda. Estes não são temas simples de serem solucionados.
Mas quem se importa? Afinal, não são
pessoas, são baratas. A reportagem da TVFolha mostra um pouquinho
disso tudo. Vale a pena assistir.
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