6.1.12

É um homem ou uma barata? Reflexões sobre a dedetização de pessoas na Cracolândia


Região da Luz, centro de São Paulo. A aglomeração de pessoas perdidas da própria vida, excluídas do mundo, é como uma infestação de baratas a ser combatida. Os olhares dos cidadãos paulistanos e do mundo sobre estes seres que vagam drogados nas ruas e prédios abandonados é de repulsa, nojo. Gente suja, fedendo, maus elementos, delinquentes, loucos. O que se pensa de verdade sobre eles não se diz em voz alta, é politicamente incorreto, se murmura nos ouvidos, se confidencia em conversas sussuradas.

A cidade precisa se livrar deles. Como? Com o Plano de Ação Integrada Centro Legal, nome pomposo dado pela prefeitura de São Paulo e governo do Estado para dedetizar a Cracolândia. O plano, elaborado para ser implementado em 3 etapas, consiste em pela mão da força policial 1 – expulsar traficantes e usuários, 2 – a ação dos policiais incentivará os usuários a procurar tratamento, 3 – a permanância da polícia para manter a ordem. Mas desde quando a Polícia Militar está preparada para desenvolver uma ação social? Aí é que está, no tal Plano não há visão social nenhuma, apenas uma visão higienista.

A PM usa violência para desocupar e ponto final. Mas o que fazer com as pessoas, para onde levá-las? Como resgatar essas vidas perdidas? No fundo poucos estão realmente preocupados com o que vai acontecer com essas pessoas. Contando que elas estejam bem longe dos nossos olhares. O combate ao tráfico e a adoção de políticas públicas voltadas para recuperar os viciados são problemas sociais profundos, que estão diretamente ligados a outros, como a miséria, a falta de moradia, educação, saúde, emprego e renda. Estes não são temas simples de serem solucionados.

Mas quem se importa? Afinal, não são pessoas, são baratas. A reportagem da TVFolha mostra um pouquinho disso tudo. Vale a pena assistir.


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