30.10.06

Não haverá trégua da mídia!

Domingo, 29 de outubro. 18 horas. Acomodada em um bar da Prainha, quarteirão de botecos na esquina da Av. Paulista com a Joaquim Eugênio de Lima, acompanhava pela tevê a apuração das eleições 2006, plugada na GloboNews. A emissora dava, regularmente, a evolução da contagem dos votos para os governos estaduais que tiveram disputa em 2º turno.
Até então, a emoção estava por conta da diferença voto a voto no Paraná. O resultado presidencial ainda não podia ser noticiado, já que a votação no Acre só se concluiria às 19 horas de Brasília, devido ao fuso horário.
Entre uma cerveja e outra, o pessoal ia chegando, comentando, fazendo especulações. De repente, uma gritaria geral. Olho na telinha e vejo: 85% das urnas apuradas – Lula 60,7% dos votos válidos e Alckmin pouco menos de 39%.
Os resultados confirmavam o que as pesquisas já indicavam: Lula não só ganharia, como Alckmin teria uma votação menor do que a obtida no 1º turno.
Mas qual não foi a minha surpresa quando, logo em seguida, com Lula já matematicamente eleito, o GloboNews entra com reportagem sobre o presidente – algo como saiba mais sobre o presidente reeleito. A reportagem nada falava diretamente de Lula, de sua trajetória política rumo ao primeiro e, posteriormente, ao segundo mandato. Não. Nem tampouco sobre as realizações de seu governo.
O que a reportagem trazia eram spots mostrando a cronologia da crise política, iniciada com as denúncias contra Zé Dirce, Waldomiro Diniz; Pallocci e o caseiro Francelino, a compra do dossiê e lógico a imagem da montanha de dinheiro.
Ou seja, mesmo derrotada, a imprensa e seu bombardeio contra o presidente, deu mostras que não haverá trégua. Mesmo tendo seu discurso golpista ignorado por mais de 58 milhões de brasileiros, insistem na mesma tecla, como num samba de uma nota só, órfãos de argumentos e conteúdo; perdidos diante da avassaladora vitória do atual governo.
O papel que a mídia jogou nestas eleições foi preocupante, deixando de lado a notícia e abraçando a opinião ideológica, fazendo não jornalismo, mas propaganda camuflada.
Um segundo mandato do presidente Lula precisa enfrentar a questão da democratização dos meios de comunicação de forma decidida, com ousadia. A sociedade não pode mais ficar refém de meia dúzia de empresas familiares que dirigem a mídia nacional, transmitindo o que lhes interessa, e que, na maioria das vezes, não interessa a maioria do povo e ao país.
Fiquemos atentos e vamos começar a cobrar, desde já, que se inicie esse debate para promover a pluralidade de idéias e opiniões.

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