23.3.09

Hegemonia tucana em São Paulo

A pesquisa Datafolha deste domingo trouxe as primeiras aferições para as disputas estaduais de 2010. A sobreposição do calendário eleitoral, que reúne num mesmo ano eleições para presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais é um desafio para o eleitor, para partidos e candidatos. Isso porque a disputa de todos os cargos é ofuscado, como não poderia deixar de ser, pela campanha presidencial.

E mesmo em São Paulo a situação não é diferente, como mostram os resultados da amostragem que ouviu 2.062 moradores do Estado, com 16 anos ou mais, entre os dias 16 e 19 de março de 2009.

A dianteira de Alckmin, que oscila entre 41% e 46% dependendo do cenário avaliado, não deveria ser nenhuma surpresa. Primeiro por ser, entre os pesquisados, o nome mais conhecido da população (vice-governador, duas vezes governador, candidato a prefeito em São Paulo, candidato a presidência da República). O recall de Alckmin é disparado o maior de todos os outros nomes apresentados e, como avaliam os especialistas, nas pesquisas realizadas em períodos não eleitorais esse fator 'contamina' o resultado e pode induzir a erros de avalição do próprio cenário eleitoral.

No entanto, no caso paulista, o recall apenas não explica o bom desempenho do tucano. O governo do Estado encontra-se nas mãos do PSDB desde 1995. A hegemonia política tucana em São Paulo tem várias raízes: econômicas, culturais, conjunturais, sociais; mas destaco aqui a dificuldade que as forças políticas de esquerda têm acumulado ao longo dos anos no enfrentamento do tucanato, e os erros cometidos nas escolhas realizadas para apresentar à população uma alternativa eleitoral.

Também é preciso considerar que São Paulo é o berço do projeto político do PSDB, que tem na sigla paulista seus maiores expoentes - Fernando Henrique Cardoso, José Serra e o próprio Geraldo Alckmin.

Datafolha ignorou PMDB e DEM
Na pesquisa do Datafolha foram testados cenários com três possíveis candidaturas do PT: Marta Suplicy, Antonio Palocci (ex-ministro da Fazenda) e Fernando Haddad (ministro da Educação). Não compareceram na lista do Datafolha nem PMDB, nem DEM. Se a pesquisa é de investigação e ocorre num período em que não estão celadas oficialmente (e nem extraoficialmente) as alianças, cabe questionar porque lideranças do PMDB e do DEM não foram testadas.

DEM e PMDB são, respectivamente o 2º e 3º à frente de prefeituras paulistas, o DEM com 77 prefeituras e o PMDB com 70. Possuem lideranças nacionais e estaduais que deveriam estar, independentemente das discussões em andamento, entre os avaliados da pesquisa. A ausência desses partidos pode ter alterado, significativamente, o resultado dessa primeira avaliação. Nenhum instituto de pesquisa cometeria essa 'falha'. A exclusão desses partidos foi uma opção política do Datafolha que certamente teve o intuito de ampliar a liderança tucana.

O PT vai de quem?
A disputa interna dentro do PT para definir o candidato da legenda está aberta. Entre os nomes mais fortes figuram o da ex-prefeita Marta Suplicy que aparece com 13% das intenções de voto. Esse cenário é o que Alckmin aparece com menor dianteira (41%). Palloci e Haddad, que nunca participaram de uma disputa majoritária estadual pontuam com 5% e 2% nas melhores situações.

Esses números não são conclusivos para afirmar que a única opção do PT para apresentação de uma candidatura competitiva seja Marta Suplicy, mas mostram a dificuldade do PT paulista em consolidar novas lideranças e ter um leque mais aberto de alternativas. Por outro lado, apesar de vir de duas derrotas para a prefeitura paulista, Marta tem uma base de apoio importante na capital, mas que não se reflete pelo interior. Aliás, ai é que está a fragilidade do PT. PSDB, DEM e PMDB juntos dominam mais de 60% das prefeituras do interior paulista.

Dos outros testados, Soninha (PPS), Campos Machado (PTB), Ivan Valente (PSOL), Paulinho (PDT), Paulo Skaf (sem partido), Luiza Erundina (PSB), Paulo Maluf (PP), apenas Erundina e Maluf obtiveram desempenho acima dos dois dígitos, oscilando entre ela entre 9 e 14% das intenções de voto e Maluf entre 13 e 20%, dependendo do cenário. Vale ressaltar que ambos também têm forte recall na população paulista.

Denunciar o tucanato
Sem colocar em marcha uma ampla campanha que denuncie as atrocidades cometidas pelo PSDB em São Paulo, desde 1995, de forma mais ampla e decisiva, fica muito difícil construir uma alternativa política no Estado. Mesmo os movimentos sociais não conseguem desenvolver uma ação mais incisiva contra o tucanato. A esquerda não tem postura de oposição ao governo. A Assembléia Legislativa do Estado, que poderia ser um palco privilegiado para a disputa política, há muito encontra-se desgastada e com seu papel político rebaixado.

Sem essa ação dos partidos e do movimento social e com o apoio incondicional da mídia paulista, os tucanos vão construindo uma forte hegemonia no Estado, que tem reflexos importantes no cenário nacional. Não é por acaso que José Serra aparece como o principal expoente para a disputa presidencial de 2010.

A situação é difícil, mas não irreversível. A pouco mais de um ano das eleições, é hora de empreender uma ofensiva política em São Paulo para tentar frear o avanço tucano no Estado.

3 comentários:

  1. Anônimo2:26 PM

    "intensões" é com Ç

    INTENÇÕES

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  2. Anônimo2:31 PM

    "textados" é com S

    TESTADOS

    afff

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  3. rsrsrsrs correria é com f.... vou arrumar, aliás não precisa deixar anônimo para dar os toques desses e de muitos outros erros. Valeu

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