Em 2004, José Serra foi eleito prefeito de São Paulo. Disse que ia entregar aos paulistanos o melhor de sua energia para cuidar da cidade que tanto ama. Também disse que não estava usando a prefeitura como trampolim político e que cumpriria todo o seu mandato à frente da administração paulistana.
Claro que tudo isso foi conversa para boi dormir. Passados dois anos, lançou-se candidato ao governo do estado e deixou a prefeitura nas mãos do vice, Gilberto Kassab.
O resultado destes cinco anos de administração demo-tucana está em todos os jornais: enchentes, desabamentos, crise no sistema de transporte, propina nas merendas, aumento astronômico das taxas e impostos municipais, rendição à especulação imobiliária e por ai vai.
A mídia já jogou a toalha para o Kassab. Afinal não dá mais para esconder a inépcia de sua administração diante de tanto caos. Mas o governador José Serra mantém-se blindado, a salvo das críticas e das cobranças em torno da sua parcela de responsabilidade com a situação.
Candidato do PSDB e dos conglomerados da mídia à Presidência da República, José Serra é poupado e só aparece em destaque nas situações em que a exposição contribua para o seu projeto eleitoral.
Mesmo que este projeto esteja meio velado, já que o governador de São Paulo ainda não assumiu a candidatura, aguardando o momento ideal para fazê-lo. O problema é que tal momento talvez não se descortine. Dilma cresce nas pesquisas, para o desamparo de Serra, que imaginava esta eleição doce como baba-de-moça.
Nesse contexto, entra no jogo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cumprindo a função de artilharia pesada contra a gestão de Lula à frente do país e desqualificando a candidata ao Planalto. No artigo publicado neste domingo, 07/02, no Estadão, FHC antecipa quais serão os temas principais da campanha: “Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social”, afirmou o ex-presidente.
Em seguida, usa da retórica e manipula dados para desdizer a pecha de neoliberal atribuída ao PSDB, e diz que é mentira que o PSDB não investiu no desenvolvimento e nas áreas sociais. Mesmo assim, ainda defende a quebra do monopólio sobre a Petrobras, contabiliza como vitória a privatização da Telebrás, da Vale e da Embraer.
Ao final, FHC acusa o “lulismo” de ser mentiroso e de descontextualizar o debate sobre o país. Claro, mais um jogo de retórica da oposição. Tal misancene, vinda de um sociólogo que anunciou aos quatro ventos para que o mundo esquecesse tudo o que ele disse antes de assumir a presidência da República, não surpreende.
Nem deverá nos surpreender se, durante a campanha, José Serra em ato desesperado tal qual Geraldo Alckmin, vista um colete com os símbolos das companhias brasileiras para mostrar que o “monstro da privatização é coisa do passado.”
Numa coisa, contudo, FHC está certo: a briga é boa.
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