Reproduzo artigo do documentarista Vandré Fernandes sobre o descontrole da mídia em sua cruzada pró-Serra:
Parece um “batidão” do funk carioca, mas é apenas a mídia tentando uma ofensiva para levantar José Serra, depois que os institutos de pesquisa divulgaram o empate técnico do tucano com Dilma Rousseff.
Quem leu os jornais paulistas desta terça-feira tem a impressão que no Brasil tudo está mal e que São Paulo é a locomotiva do futuro. Na capa da Folha de S. Paulo, a primeira manchete é “Obama recusa convite de Lula para vir ao país antes da eleição”. Logo abaixo, outra manchete destaca o “metrô do futuro” com a inauguração dos (apenas) 3,5 km da linha amarela.
Reparem que o título “metrô do futuro” faz um link com a propaganda da reestruturação do novo layout do jornal intitulada de “Folha, o jornal do futuro”. Mas, voltando às duas manchetes, elas têm uma conotação negativa para Lula e uma exaltação, ou melhor, excitação, por parte do jornalismo com os tucanos.
No Estado de S.Paulo não é diferente. Tentando criar fato para desestabilizar o governo federal, a matéria é sobre os aposentados: “Ministros pedem que Lula vete reajuste de 7,7 a aposentados”. Abaixo do título principal, à esquerda, a manchete fala da inauguração da linha amarela do metrô, com uma retranca que destaca que vagões “terão assentos preferenciais aos idosos, gestantes e deficientes” como se os demais trens não tivessem esses benefícios. À direita, a manchete fala “Serra explora inserções de TV para reagir”, uma nítida torcida para que o tucano não esmoreça. Outra manchete, logo abaixo, alvissareira, crava “Arrecadação do estado de SP cresce 22,4% em abril”. Parece até o trecho da música de Rita Lee “Pra fazer silêncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma faço”. Ou seja, durma com esse barulho e com a propaganda subliminar dos meios de comunicação.
No rádio toca uma canção…
No rádio não é diferente, na CBN, Heródoto Barbeiro pergunta para Lucia Hippolito o que ela achou das entrevistas que a rádio fez com os presidenciáveis. Ela responde taxativa que o Serra deu “piti” (palavra da jornalista), disse que Dilma melhorou, mas tem um tom professoral e que Marina Silva se demonstrou a melhor entre os entrevistados, que soube superar as diversidades, que era analfabeta e hoje tem especialização e que está antenada com as coisas. Pode parecer estranho, mas não é.
É possível que muitos queiram criar conflitos entre Dilma e Marina, para que Serra não apanhe, já que quando ele está acuado, segundo Hippolito, ele dá piti. A conversa prossegue e Lucia Hippolito propõe que os vices também sejam entrevistados, mas Heródoto adverte que nem todos têm vice. Lucia retruca e diz que já tem o Temer – vice de Dilma – e Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura, vice da Marina Silva. E em tom de lamento registra que quem não tem vice, ainda, é o Serra. Heródoto pergunta sobre a possibilidade de Aécio Neves ser o vice de Serra. É nesse momento que a jornalista mostra a sua face tucana: “Poxa, ele não servia para ser presidente, agora serve para ser vice?” finaliza indignada.
Momentos de “Jaborragia”
Tanto na Folha de S.Paulo, como na TV Globo e na CBN, Jabbor discorre seu ódio imensurável sobre o governo Lula, e que algumas vezes chega ao ridículo. Nesta segunda-feira, ele saiu das estribeiras no artigo “As dúvidas e incertezas de Aécio Neves”, em que faz um apelo ao ex-governador de Minas para aceitar o cargo de vice do Serra.
O fanfarrão chegou a dizer para que Aécio sonhasse com o seu avô Tancredo e que escutasse seus conselhos. Jabor se entrega aos devaneios e diz que Tancredo surgiria para dizer ao seu neto que acatasse o seu desejo pessoal e do país, aceitasse a vice, que a democracia é alternância de poder e que não seguisse os conselhos de Lula.
Jabor esquece que política não se faz com sonhos, mas com realidade, enxergando os avanços sociais no último período, iniciado pelo governo Lula. Estamos acumulando recordes de emprego com carteira assinada, mais pessoas saem da linha da pobreza e a cada dia mais a população tem orgulho de ser brasileira. Isso é real.
Mas, voltando ao sonho de Jabor, se Tancredo ao invés de dizer as vontades do jornalista fanfarrão dissesse para o neto que democracia é a vontade da maioria, que é distribuição de renda, que o governo Lula é bom, e ainda desse um pito no neto: “menino, diga-me com que andas que eu te direi quem és”. E aconselhasse o neto: “Filho, vá para Europa, curta o velho continente e não entre nesse barco furado”…. Sonho a gente não controla.
Bem, assim caminha a mídia, tentando mudar o rumo do país. Porém, a população sabe separar o joio do trigo e perceber que as ladainhas midiáticas não alteram o produto. Em tempos de FHC a submissão, o desemprego e a privatização eram constantes e voltar para esse tipo de governo não apetece a maioria da população. Avançar nas mudanças e implementar um novo projeto de desenvolvimento nacional está na ordem do dia. E se a mídia está descontrolada, o povo não.
Por Vandré Fernandes, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, diretor do documentário Camponeses do Araguaia – A guerrilha vista por dentro.
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