Entre trabalho, fraldas e um churrasco
com os amigos – afinal ninguém é de ferro – nas noites de
carnaval aproveitei para assistir alguns filmes que estavam ausentes
em meu repertório.
Um deles me levou ao cenário
devastador da guerra. Qualquer guerra é devastadora. Toda guerra é
inescrupulosa. Em toda guerra, os soldados perdem os sentimentos e a
razão que distinguem os homens dos animais. Quem está na guerra só
tem um instinto: viver. Por isso, a primeira reação é matar. Matar
para viver. E nesta demência coletiva as pessoas são levadas aos
seus limites, e os perdem. Seguem ordens sem contestação, como cães
ou animais obedecendo ao seu adestrador.
Valsa com Bashir mostra essa realidade
sem mascarar nada. E faz isso através de desenhos. A realidade
desenhada não perde nada de sua veracidade. É cruel.
O filme/animação, estruturado como
documentário, conta a história do massacre de Sabra e Shatila,
durante a guerra do Libano, em 1982. Para fazê-lo o diretor Ari
Folman reconstrói as situações da guerra a partir de suas
memórias, que são preenchidas a partir de depoimentos de pessoas
que estiveram na guerra com ele. Folman foi soldado no exército de
Israel durante a guerra, aos 19 anos.
Em tons alaranjados, o filme enlaça
memórias, sonhos e realidade, numa sequência vertiginosa que nos
envolve do início ao fim. Folman mostra como uma guerra impacta o
subconsciente e a vida das pessoas que dela participaram.
O massacre dos palestinos promovido
pelos seguidores de Bashir (presidente do Líbano morto em um
atentado) e que contou com a conivência do exército israelense
deixou milhares de mortos - crianças, idosos, mulheres, homens.
Valsa com Bashir ganhou o Globo de Ouro
de melhor filme estrangeiro em 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário