8.8.12

Uma tentativa olímpica de sepultar o PT


Não nos enganemos, nada acontece por acaso. Coincidências são produzidas cuidadosamente para parecerem mera coincidência. O tribunal midiático instalado no Palácio da Justiça acontece estrategicamente em paralelo ao início das eleições municipais. E isso não é acaso. A oposição conservadora estudou detalhadamente junto com seus aliados o melhor momento para promover esta inquisição televisionada para dar um golpe mortal no partido do governo.

O objetivo deste “julgamento” é contaminar o processo eleitoral, minando candidaturas do PT, e produzir um resultado em outubro que desloque a correlação de forças favoravelmente à oposição, abrindo um caminho para melhorar as condições da disputa presidencial em 2014.

A Globo, por exemplo, sem o direito de transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres, tem dedicado até 50% do tempo de seus telejornais para repetir exaustivamente que os “mensaleiros”, liderados pelo ex-ministro José Dirceu, estão sendo julgados por crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, e por ai vai.

Goebbles, um dos pais do marketing político, ensinava que uma mentira dita mil vezes acaba por se transformar em verdade. Mas a quem interessa a verdade???? Afinal, “No creo em brujas, pero que las hay, las hay”. Na dúvida, são todos culpados de alguma coisa.

Não existe mais nenhuma possibilidade de absolvição para nenhum dos “réus do mensalão”. Isso porque eles não são mais réus, já foram condenados há muito tempo pela mídia, que utiliza política e comercialmente o julgamento.

Politicamente porque os barões da comunicação no Brasil nunca engoliram o fato de o país ser governado por presidentes do Partido dos Trabalhadores. Mesmo que estes governos não tenham promovido nenhuma transformação mais profunda na economia, na propriedade dos meios de comunicação, dos latifúndios. Mesmo que os interesses dos grandes grupos econômicos não tenham sido contrariados. Só o fato de a elite conservadora estar sem o controle nas mãos já é mais do que motivo para criar escândalos que os possibilitem voltar ao poder.

Comercialmente porque a mídia acredita que escândalo vende e aumenta a audiência, e com mais audiência, maiores são os ganhos econômicos do negócio monopolista da comunicação.

A oposição se locupleta com todo este circo olímpico e comemora antecipadamente a vitória neste jogo. Eles podem ganhar, mas se enganam os que acreditam que quem perde é somente o PT e a esquerda. Quem fica em último lugar é a democracia, que sai arranhada e desacreditada.

No final, toda essa história parece roteiro de filme. O que me faz lembrar de um clássico – na minha opinião – dirigido por Barry Levinson, Mera Coincidência. Robert de Niro e Dustin Hoffman estrelam o filme que mostra como a Casa Branca forjou midiaticamente uma guerra na Albânia para tirar o foco de um escândalo sexual envolvendo o presidente e candidato à reeleição dos EUA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário