Não nos enganemos, nada acontece por
acaso. Coincidências são produzidas cuidadosamente para parecerem
mera coincidência. O tribunal midiático instalado no Palácio da
Justiça acontece estrategicamente em paralelo ao início das
eleições municipais. E isso não é acaso. A oposição
conservadora estudou detalhadamente junto com seus aliados o melhor
momento para promover esta inquisição televisionada para dar um
golpe mortal no partido do governo.
O objetivo deste “julgamento” é
contaminar o processo eleitoral, minando candidaturas do PT, e
produzir um resultado em outubro que desloque a correlação de
forças favoravelmente à oposição, abrindo um caminho para
melhorar as condições da disputa presidencial em 2014.
A Globo, por exemplo, sem o direito de
transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres, tem dedicado até 50%
do tempo de seus telejornais para repetir exaustivamente que os
“mensaleiros”, liderados pelo ex-ministro José Dirceu, estão
sendo julgados por crimes de formação de quadrilha, lavagem de
dinheiro, peculato, e por ai vai.
Goebbles, um dos pais do marketing
político, ensinava que uma mentira dita mil vezes acaba por se
transformar em verdade. Mas a quem interessa a verdade???? Afinal,
“No creo em brujas, pero que las hay, las hay”. Na dúvida, são
todos culpados de alguma coisa.
Não existe mais nenhuma possibilidade
de absolvição para nenhum dos “réus do mensalão”. Isso porque
eles não são mais réus, já foram condenados há muito tempo pela
mídia, que utiliza política e comercialmente o julgamento.
Politicamente porque os barões da
comunicação no Brasil nunca engoliram o fato de o país ser
governado por presidentes do Partido dos Trabalhadores. Mesmo que
estes governos não tenham promovido nenhuma transformação mais
profunda na economia, na propriedade dos meios de comunicação, dos
latifúndios. Mesmo que os interesses dos grandes grupos econômicos
não tenham sido contrariados. Só o fato de a elite conservadora
estar sem o controle nas mãos já é mais do que motivo para criar
escândalos que os possibilitem voltar ao poder.
Comercialmente porque a mídia acredita
que escândalo vende e aumenta a audiência, e com mais audiência,
maiores são os ganhos econômicos do negócio monopolista da
comunicação.
A oposição se locupleta com todo este
circo olímpico e comemora antecipadamente a vitória neste jogo.
Eles podem ganhar, mas se enganam os que acreditam que quem perde é
somente o PT e a esquerda. Quem fica em último lugar é a
democracia, que sai arranhada e desacreditada.
No final, toda essa história parece
roteiro de filme. O que me faz lembrar de um clássico – na minha
opinião – dirigido por Barry Levinson, Mera Coincidência. Robert
de Niro e Dustin Hoffman estrelam o filme que mostra como a Casa
Branca forjou midiaticamente uma guerra na Albânia para tirar o foco
de um escândalo sexual envolvendo o presidente e candidato à
reeleição dos EUA.
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