“Não pode ser que o
trabalho esteja associado à morte. Nossa luta é muito maior do que
apenas uma luta por melhores salários, claro dinheiro é importante,
mas temos que defender a vida e a dignidade do trabalhador”, afirma
Javier Diaz, dirigente nacional do Sindicato Unificado Nacional da
Construção e Anexos – Sunca.
Depois de muita
discussão, o Sunca conseguiu garantir a aprovação de uma Lei no
parlamento uruguaio que penaliza os empregadores que coloquem em
perigo a integridade física dos trabalhadores pelo não cumprimento
das normas de segurança e higiene.
Por exemplo, se o
trabalhador estiver em um lugar úmido, escorregadio, e não tiver um
calçado apropriado isso é considerado um delito, porque mesmo que
ele não se acidentar, corre o risco de, e isso já é considerado
uma penalidade.
A Lei de
Responsabilidade Penal, que está em vigor desde 14/03/2014, foi uma
proposta do Sunca e se inspirou em leis de Saúde do Trabalho da
Espanha e Peru. Foi polêmica na esquerda, inclusive houve
parlamentares do campo popular que se posicionaram contra a lei, mas
votaram a favor para não quebrar a disciplina partidária.
Existem quatro demandas
judiciais contra a lei na Suprema Corte do Uruguai e o assunto
tornou-se um dos principais temas desta campanha eleitoral no país.
Os candidatos da direita no Uruguai, em particular Lacalle Pou tem
afirmado que, se eleito, vai revogar a Lei. De outro lado, os
trabalhadores prometem realizar grandes mobilizações nacionais em
defesa desta conquista.
Iván Hafliger, da
executiva do Sunca, destaca a importância desta lei para os
trabalhadores. “Em 2012, entre 1º de janeiro e 1º de julho
tivemos 7 mortes no trabalho na construção civil. Em 2013, neste
mesmo período, tivemos 6 mortes. No mesmo período de 2014, ou seja,
desde a aprovação da Lei, tivemos apenas 3 mortes. Esses três
trabalhadores que não morreram já valem a lei. Ademais, o que
disseram que iam acontecer, de que empresários seriam presos, não
aconteceu. Não houve prisões. O que ocorreu é que os empresários
precisaram respeitar as normativas e, ao fazer isso, evitaram que
houvessem acidentes fatais”.
Outras conquistas
E as vitórias dos
trabalhadores não se limitam a esta lei. Os trabalhadores da
construção também conseguiram depois de muita luta aprovar uma lei
que reduz o peso dos sacos de cimento, de 50 kg para 25 kg. “Carregar
um peso de 50 kg nas costas traz importantes consequências para a
nossa saúde, resultando em problemas de coluna, incapacidade e
tantos outros. Agora, mudamos essa situação. Mesmo o cimento que é
importado, precisa vir adequado à nova norma uruguaia”, explica
Faustino Rodrigues, presidente do Sunca.
Também conquistaram a
redução da jornada de trabalho de 48 horas semanais para 44 horas
semanais, a garantia de pagamentos de 70% do valor da hora de
trabalho para os dias parados por condições climáticas com a
criação de um bolsão de horas.
Os trabalhadores do
Uruguai de outros ramos da economia também têm obtido importantes
conquistas. Aprovaram uma Lei para os trabalhadores domésticos, que
não tinham nenhum direito consagrado, nem mesmo a cobertura
previdenciária e piso salarial. Para os trabalhadores rurais, foi
fixada uma jornada diária máxima de trabalho de 8 horas, com a
obrigação de pagamento de horas extras para o tempo trabalhado,
entre outras conquistas que vão compondo um elenco de direitos
trabalhistas e sociais fundamental para garantir a dignidade e a
valorização do trabalho.
“Temos que estar
sempre em luta. Empresas são empresas e se comportam do mesmo jeito
em todos os lugares. Por isso, as conquistas dependem da organização
dos trabalhadores”, disse Javier Diaz, da direção do Sunca.
E as importantes conquistas alcançadas pelos trabalhadores na construção civil no Uruguai é uma demonstração de que politizar o debate sindical e investir na organização dos trabalhadores por local de trabalho continua sendo o caminho mais efetivo para fortalecer a unidade e alcançar vitórias.
E as importantes conquistas alcançadas pelos trabalhadores na construção civil no Uruguai é uma demonstração de que politizar o debate sindical e investir na organização dos trabalhadores por local de trabalho continua sendo o caminho mais efetivo para fortalecer a unidade e alcançar vitórias.
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